quinta-feira, 23 de março de 2017

Grupo de alunas cria método para prever a migração do Aedes aegypti


A FÊMEA DO MOSQUITO AEDES AEGYPTI PRECISA SE ALIMENTAR DE SANGUE PARA O AMADURECIMENTO DOS OVOS EM SEU INTERIOR. OS HUMANOS SÃO SEUS ALVOS PREFERENCIAIS; COM TODA A SUPERFÍCIE DO CORPO COBERTA POR UMA CAMADA DE PELE MUITO  PERMEÁVEL, FINA E DESPROVIDA DE PELOS, SOMOS FACILMENTE PICADOS.
Apesar de pequeno (aproximadamente 7 milímetros – um grão de arroz), o mosquito Aedes aegypti tem potencial para transmitir inúmeras doenças aos seres humanos, entre as mais conhecidas, Dengue, Zika vírus, Chikungunya e Febre Amarela. Em razão do risco de morte de muitas dessas endemias, as autoridades brasileiras têm tentado, ao longo das últimas décadas, promover campanhas para conscientizar a população sobre os riscos de se deixar água parada, favorecendo a proliferação do Aedes aegypti. Outras medidas, no entanto, têm sido tomadas por setores públicos e privados. Na Unidade Leopoldina do CEFET-MG, por exemplo, um grupo de alunas do curso Técnico em Informática (Marcella Menezes, Livia Rodrigues e Amanda Fernandes) criou um modelo matemático para simular a movimentação ou migração do Aedes aegypti em um determinado ambiente, podendo, com isso, prever ações em curto prazo.


A pesquisa, intitulada “Simulação da dispersão do Aedes aegypti usando autômatos celulares”, está sendo apresentada nesta semana na 15ª edição da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), na Universidade de São Paulo. De acordo com o professor orientador do trabalho, Gustavo Novaes, o modelo criado pelas alunas possibilita prever, dentro de um determinado cenário, para onde o mosquito migraria. “Por exemplo, em uma cidade há um terreno baldio com diversos criadouros do mosquito. Com o modelo, pode-se prever como o mosquito vive (ou nasce) neste terreno e se espalha pela vizinhança”, explica Gustavo.
Ainda segundo o professor, o modelo funciona semelhantemente às previsões do tempo. “Baseado num cenário atual, um modelo criado por computador simula os fenômenos climáticos e, como resultado, consegue prever o clima nos dias seguintes. Nesse projeto em questão, a ideia é parecida. Dado um cenário atual (localização de mosquitos ou criadouro) consegue-se prever onde esses mosquitos estarão nos dias seguintes. Com essa previsão, fica mais fácil para a tomada de decisão por parte dos órgãos públicos”, afirma.

Pesquisar desde cedo

A participação de alunos do Ensino Médio em projetos de pesquisa tem diversos pontos positivos, um deles é a aplicação de conceitos vistos dentro da sala de aula. Quando o aluno tem contato com um projeto de pesquisa, ele passa a utilizar os conceitos aprendidos no curso em uma aplicação real ou uma aplicação cujo objetivo é resolver um problema real. Para o professor Gustavo Novaes, o fato de o aluno do Ensino Médio ser inserido no contexto de pesquisa científica é importante, pois traz experiência desde cedo. “Quando esse estudante estiver em um curso de graduação, vai ver os conceitos ou as disciplinas de maneira diferente, de maneira a perceber em cada conteúdo a aplicação para resolver desafios reais”, diz Gustavo.